Vivendo intensa leva de lançamentos e projetos, cantor esmiúça a força dos grooves e o momento de censura às artes no Brasil.
A estrada de Marcos Valle nos últimos anos tem sido luminosa. Prestes a completar seis décadas de batente, o músico carioca encabeça uma contínua safra de lançamentos. A onda é criar e o processo coletivo é bem-vindo. “Como as ideias tão chegando muito bem chegadas, eu não paro. Negócio é seguir em frente”, assume. Após o balanço irresistível de “Sempre” (2019), o veterano retorna às pistas com o álbum “Cinzento”.
Lançado pela Deck, o trabalho resulta de concepção minimalista, munida de instrumentação reduzida dentro do Estúdio Tambor (RJ). A pegada foi de leveza e camaradagem. “Foi tudo gravado no Rio de Janeiro, o estúdio é perto da minha casa”, explica um dos camisas 10 do suingue nacional. A produção e arranjos são do próprio Valle e “Cinzento” foi possível graças a uma experiência recente com a gravadora carioca.
Em 2018, o músico se uniu a Roberto Menescal na produção de “O Tom da Takai” para a Deck. “Trabalhei e fiz uns arranjos. Gostei muito do ambiente, do estúdio”, resgata. No registro, Fernanda Takai ilumina canções raras de Tom Jobim (1927-1994). Encharcado do clima sessentista da bossa, o repertório uniu a voz inconfundível de Takai ao violão e pianos de Menescal e Valle.
Entre uma gravação e outra, o diretor artístico da Deck, Rafael Ramos, sugeriu a ideia de um disco solo no futuro. Das felizes coincidências da vida, naquela altura, Rafael trabalhava com a Polysom na reedição em vinil de “Previsão do Tempo”, cultuado álbum de Valle composto no distante ano de 1973.
Pesquisa, Redação e Edição: Carlos Martins
Por Antonio Laudenir
Fonte: Diário do Nordeste
Foto: Jorge Bispo/Reprodução