No salão de beleza ao qual se dedicou fielmente como funcionária, a depiladora Zenilde Pires passou 17 anos. Em casa, à espera do telefonema que a chamaria de volta para a reabertura durante a pandemia, foram três meses - quase intermináveis. Ainda assim, a mensagem esperada não veio. Aos 62 anos de idade, ela engrossa os números de desempregados no Ceará.

No Brasil, de acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnadc), 7 milhões de mulheres abandonaram o mercado de trabalho na última quinzena de março, quando começou a quarentena. São dois milhões a mais que o número de homens na mesma situação. É a primeira vez nos últimos três anos que a maioria das mulheres está fora da força de trabalho. Um cenário de desigualdades de gênero e raça, agravado pelo atual cenário de pandemia que se reflete também no Ceará.

Mães de família

Já para as mulheres com crianças de até 10 anos, especificamente, a taxa chega a um nível um pouco mais alto. Contudo, a queda é maior. O grupo foi de 50,3 pontos percentuais, no ano passado, e reduziu para 40,8 em 2020, o que representa uma queda de 9,5.

"Na pesquisa que nós utilizamos para fazer isso, que é a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, a taxa atual das mulheres é a menor da série histórica. Desde 2012, que foi quando começamos essa série, não tem nenhuma taxa menor do que essa, no caso do Ceará", ressalta Hecksher.

Pesquisa, Redação e Edição: Carlos Martins

Por Barbara Câmara

Fonte: Diário do Nordeste

Foto: José Leomar