A demarcação nas cores vermelha e branca, acompanhada do desenho de uma bicicleta, em geral, indica quem pode trafegar ali. Apesar da sinalização feita no solo, condutores de carros e motos seguem cometendo infrações em ciclovias e ciclofaixas de Fortaleza, ainda que em menor escala. Isso porque, segundo levantamento da Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC), as multas por locomoção irregular nesses modais caíram 57% nos nove primeiros meses deste ano.
O gerente de Operação e Fiscalização da AMC, André Luís Barcelos, explica que o encolhimento do total de infrações seu deu por efeito da circulação do novo coronavírus. Nesse período, sobretudo nos meses com maior incidência da doença, houve redução no fluxo veicular da cidade, o que acabou fazendo diminuir o tráfego em espaços destinados somente a ciclistas. "É uma conduta muito grave pela legislação de trânsito com multa de até R$ 880, e acaba por prejudicar a segurança do ciclista e até mesmo do pedestre porque é uma área que ele acessa também. Já a infração tem o objetivo educativo, de coibir os excessos, de preservar a população", frisa Barcelos.
Vulnerabilidade
Para quem usa a bicicleta como o principal meio de transporte, ter o espaço invadido por outros veículos gera aflição. Há seis anos, quando largou o projeto de ter o carro próprio e virou ciclista, a designer de moda Andrea Bezerra, 30, tinha "muito medo de ser atropelada", já que a cidade possuía poucos trechos exclusivos. De acordo com a Prefeitura de Fortaleza, 2014 encerrou com 75 km de ciclovias e 16,3 km de ciclofaixas. Atualmente, embora a malha cicloviária tenha crescido para 335,5 quilômetros, indica a AMC, Andréa ainda teme o registro de fatalidades por se considerar vulnerável.
"A legislação diz que no trânsito o maior transporte protege o menor, só que na rua a gente tem é que sair do meio para não ser levado", lamenta, descrevendo as situações por quais já passou durante os seis quilômetros que pedala de casa para o trabalho diariamente. "Infelizmente, essa é a parte mais chata. "Já levei fino de ônibus, de moto, de carro. É terrível porque você está muito exposto e quando eles passam muito rápido do seu lado, você acha que vai desequilibrar", relata.
Pesquisa, Redação e Edição: Carlos Martins
Por Felipe Mesquita
Fonte: Diário do Nordeste
Foto: José Leomar