Quem anda de ônibus, sobretudo, nos horários de pico, tendo a superlotação como uma condição praticamente permanente, pode até não acreditar, mas Fortaleza, assim como outras grandes cidades, tem registrado a queda sistemática do número de usuários do transporte público. O recuo na quantidade de passageiros já ocorria antes da pandemia, mas se acentuou. Hoje, segundo a Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor), cerca de 540 mil passageiros se deslocam por dia usando ônibus na Capital. Antes, a média era de 1 milhão de embarques.

A superlotação reflete um dos dilemas do atual modelo de financiamento do setor de transporte público na Capital, pois, nele, quando há redução de passageiros, para equilibrar os custos, as empresas fazem também o redimensionamento da frota, já que a tarifa paga pelos usuários é o que banca boa parte do serviço. Ou seja, se há algum desequilíbrio nessa conta, o sistema de transporte e, consequentemente, o usuário, sofre o impacto diretamente.

Motivos

Na Capital, em janeiro deste ano, o prefeito Roberto Cláudio comunicou que o valor da tarifa de ônibus, de R$ 3,60 a inteira e R$1,60 a meia estudantil, seria mantido. Um dos argumentos, além da crise econômica que interfere diretamente na renda dos usuários, era, justamente, a redução pela procura dos serviços de transporte público, o que segundo o prefeito à época "impacta na viabilidade do próprio sistema".

De acordo com ele, as empresas têm buscado um modelo no qual o operador privado não assuma o risco de operação. "Temos que mudar a forma de remuneração de demanda e ser por produção. Tem que cobrir os custo de produção. Poderia ser por quilômetro rodado, mas com parâmetro de qualidade", sugere. Outras iniciativas que podem gerar atrativo, nos próximos anos, é, segundo ele, "a priorização do sistema viário. Uma política de implantação de faixas exclusivas, corredores de ônibus é uma questão até de equidade social" e o tratamento tributário diferenciado. A cobrança do setor no âmbito federal é de redução da carga tributário não só sobre a operação do serviço, mas também a desoneração dos insumos: como óleo diesel, pneus e peças.

Pesquisa, Redação e Edição: Carlos Martins

Por Thatyane Nascimento

Fonte: Diário do Nordeste

Foto: José Leomar/SVM