A frase que encerra “Feliz aniversário” – conto presente na coletânea “Laços de Família”, publicada em 1960 pela Editora Francisco Alves – confere um vislumbre da maneira possível de encarar a autora por trás da expressão. “A morte era o seu mistério”, escreve Clarice Lispector (1920-1977), num movimento simultâneo de definir a personagem da trama e a si.

À época do lançamento da obra, se já era possível inferir o quanto a estética clariceana mergulha com profundidade nesses lapsos de infinitude, agora, passado um século de sua vinda ao mundo, o veredito é unânime: um dos mais ricos legados de Lispector são as múltiplas travessias que ela empreende pela alma humana por meio da palavra.

Responsável pela obra da escritora na editora Rocco – casa detentora dos direitos autorais de publicação dos textos de Clarice no Brasil – Pedro Karp Vasquez iniciou a jornada rumo aos enigmas da literata exatamente com “Laços de Família”, ainda na escola secundária. 

“Clarice Lispector é amplamente admirada e devidamente celebrada. A única coisa que lamento é que ela, que enfrentou tantas dificuldades em vida, não esteja mais aqui para se beneficiar de todo esse merecido reconhecimento”, considera. Na certa, espia de algum lugar, pondo sua nova roupa de viver.

Pesquisa, Redação e Edição: Carlos Martins

Por Diego Barbosa

Fonte: Diário do Nordeste

Foto: Reprodução