Toda ideologia política tem três elementos: uma visão do inferno com um inimigo que tem de ser esmagado; uma visão de um mundo mais perfeito; e um plano de transição de um para o outro.
Os meios de transição geralmente envolvem a tomada e a subsequente utilização total da ferramenta mais poderosa da sociedade: o estado.
Por esta razão, a tendência das ideologias é serem totalitárias. Eles dependem fundamentalmente de sobrepujar as preferências e escolhas dos indivíduos e substituí-las por um sistema de crenças e comportamentos planejado por algum comitê de iluminados.
Um caso óbvio é o comunismo. O capitalismo é o inimigo. Controlar os trabalhadores e abolir a propriedade privada seria o paraíso. E os meios para se alcançar isso seriam a expropriação violenta das posses da burguesia, com o assassinato dos resistentes.
A mesma metodologia
Logo no início, a maioria das pessoas concordou, pensando que a mediada era de alguma forma necessária e de curto prazo. Duas semanas se estenderam para 30 dias, que se estenderam para 7 meses, e agora somos informados de que nunca haverá um momento em que não mais seremos obrigados a continuar professando essa nova fé de política pública. Trata-se explicitamente de um novo totalitarismo. E, como ocorre com todos esses regimes, há um conjunto de regras para os governantes e outro distinto para os governados.
O novo puritanismo e o desprezo pelas consequências
A postura dos adeptos do lockdown almeja uma sociedade de volta ao estado da natureza, com uma idílica purificação da vida. Essa neurose com uma sociedade sem patógenos ajuda a explicar uma das mais estranhas características do lockdownismo: seu puritanismo.
Observe que o lockdown atacou especialmente qualquer coisa que se pareça com diversão: filmes, teatros, eventos culturais, esportes, viagens, boliche, bares, restaurantes, hotéis, academias e clubes. Ainda agora existem locais com toques de recolher para impedir as pessoas de ficarem fora de casa até tarde — sem absolutamente nenhuma justificativa médica.
Para concluir
Os lockdowns estão cada vez menos parecidos com um gigantesco erro e cada vez mais semelhantes a uma ideologia política fanática, um experimento político que ataca frontalmente os postulados básicos da civilização.
Já passou da hora de levarmos essa ideologia a sério e combatê-la com o mesmo fervor com o qual indivíduos livres resistiram a todas as outras ideologias maléficas que visavam a destituir a humanidade de toda a sua dignidade, e a substituir as liberdades individuais pelos terríveis sonhos de intelectuais e seus fantoches empoleirados nos governos.
Pesquisa, Redação e Edição: Carlos Martins
Por Jeffrey Tucker
Fonte: Mises Brasil
Foto: Reprodução