Usadas como meio de transporte para escapar de aglomerações nos ônibus e metrô, em serviços de entregas, no lazer e na prática de esportes por quem quer evitar a academia, as bicicletas viraram símbolo de mobilidade e ganharam espaço na pandemia. As vendas de bikes no mundo experimentam um boom desde março do ano passado e no Brasil não tem sido diferente.
O volume comercializado de bicicletas fabricadas aqui, importadas e montadas localmente atingiu 6 milhões de unidades em 2020. O crescimento foi de 50% em relação ao ano anterior, segundo a Aliança Bike, associação que reúne 75% do mercado. A estimativa mais recente da entidade é que a venda e a montagem de bikes movimentem R$ 10 bilhões por ano no País.
Esse forte crescimento, porém, fez surgir um problema (também enfrentado por outros setores): a falta global de peças, componentes e matérias-primas para produção, boa parte deles importados. Em épocas normais, a indústria nacional trabalhava com dois meses de estoques de insumos e de produtos acabados.
Descompasso
Segundo Daniel Guth, diretor da Aliança Bike, o descompasso entre a oferta e a demanda por bicicletas é global, porém mais acentuado no Brasil por duas razões. Uma delas é que, pressionados pela forte demanda mundial, os países asiáticos, os grandes fornecedores, estão priorizando os pedidos de mercados consolidados e que pagam mais. O segundo ponto é que, além da alta da matéria-prima cotada em dólar e também valorizada pela alta do câmbio, como o aço e o alumínio, o preço do frete marítimo quintuplicou no último ano.
Serviços
A grande procura pelas bicicletas também alavancou o mercado de produtos e serviços relacionados, como artigos de vestuário, acessórios, oficinas mecânicas, instrutores e serviços financeiros. Só em seguros, a estimativa é que tenham sido movimentados cerca de R$ 45 milhões em prêmios em 2020, com 60 mil contratos fechados, calcula Rodrigo Del Claro, sócio e CEO da plataforma Clube Santuu, de serviços financeiros para ciclistas.
Também o movimento das oficinas mecânicas sentiu os efeitos positivos do boom das vendas. “A escassez de novas bicicletas fez aumentar a demanda por manutenção”, afirma Marcello Toshio, diretor de produto da Decathlon.
Pesquisa, Redação e Edição: Carlos Martins
Da Redação
Fonte: Mercado & Consumo
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