Avaliar em educação só tem sentido sério se tiver um objeto e uma finalidade definida, como: avaliar uma política pública de educação implementada na pandemia, um programa de apoio às escolas, política de formação de professores para uso de tecnologias, políticas de apoio à conectividade dos estudantes ou uma rede de proteção social às crianças e jovens impactados pela covid-19 e pela desigualdade social e tecnológica.

Então, qual a finalidade de avaliar a aprendizagem dos estudantes em um ano no qual o ensino remoto foi uma improvisação, uma desorganização geral e inviabilizou o acesso à aprendizagem escolar? Disponibilizar aulas em vídeo ou em aplicativos de celular, em plataformas empresariais ou simplesmente enviar materiais impressos às casas dos estudantes e pensar que eles iriam aprender autônoma e individualmente?

Estudos do IBGE revelam que 4,3 milhões de estudantes entraram na pandemia sem acesso à internet. Segundo a Unicef, em 2019, havia quase 1,1 milhão crianças e adolescentes em idade escolar obrigatória fora da escola no Brasil. A maioria delas, crianças de 4 e 5 anos e adolescentes de 15 a 17 anos. Em novembro de 2020, mais de 5 milhões de meninas e meninos de 6 a 17 anos não tinham acesso à educação no Brasil. Desses, mais de 40% eram crianças de 6 a 10 anos, faixa etária em que a educação estava praticamente universalizada antes da pandemia.

O que se espera do estudante

A avaliação justa, além da função diagnóstica, tem também função processual (somativa) e formativa da totalidade do sistema de ensino, da escola e dos processos de ensino-aprendizagem.

É urgente que se reflita o que se espera do estudante ao final da educação básica. As provas baseadas na língua portuguesa e matemática não dão conta dessa totalidade escolar muito menos da educação enquanto processo social, mais ainda em tempos de pandemia onde a vida está ameaçada e as incertezas pairam nas mentes dos estudantes.


Pesquisa, Redação e Edição: Carlos Martins

Por Por Gabriel Grabowski

Fonte: Extra Classe

Foto: Reprodução