O Charlie Brown Jr enfrentou um longo caminho até conquistar a fama. A banda foi formada em 1992 - embora o projeto anterior, What's Up, tenha sido criado ainda em 1990 -, mas a consagração perante o público só veio em 1997, quando eles conseguiram lançar o álbum de estreia "Transpiração Contínua Prolongada".

A partir daí, o grupo liderado pelo vocalista Chorão foi agraciado com popularidade e, como consequência, bastante dinheiro. Nesse momento, o cantor começou a mudar sua postura nos bastidores, de acordo com o produtor Tadeu Patolla.

O profissional de estúdio falou sobre o assunto em entrevista ao À Deriva Podcast, com falas transcritas pelo Whiplash.Net. Segundo ele, Chorão passou a agir de forma diferente já a partir do segundo álbum da banda, "Preço Curto... Prazo Longo" (1999).

"Eu ficava maravilhado com o sucesso e com a realização dele, porque de repente, do nada, eles começaram a ganhar dinheiro - o Chorão mais ainda. Só que teve uma coisa ruim nisso: a partir do momento que eles começaram a ganhar dinheiro, e que o Chorão começou a ganhar dinheiro, ele deu uma transformada legal", afirmou, conforme transcrito pelo Whiplash.Net.

O que, exatamente, mudou em Chorão? Patolla explica: "Ele parou de ser aquele cara mais calmo - que, de repente, te ouvia e que agradecia ao fazer alguma coisa - para ser um cara mais intransigente, com dinheiro na mão, sabe?". Por outro lado, ele deixa claro que o cantor "ainda era o Chorão que todos conheciam".

"Corrompido pelo sistema"

Especificamente no período do álbum "Preço Curto... Prazo Longo", que apresentou músicas como "Zóio de Lula" e "Te Levar", o frontman do Charlie Brown Jr "já estava meio doidão", de acordo com Tadeu Patolla. "No segundo disco, o Chorão já estava meio doidão, já tinha ganhado dinheiro, podia fazer o que queria. Saía com aqueles bolos de dinheiro. Vida de rockstar", disse.

O comportamento do vocalista passou a ser de alguém que foi "corrompido pelo sistema", na visão do produtor. "O Chorão foi corrompido pelo sistema, pela indústria. Começou a ver aquilo e ficar: 'isso aqui é meu, aquilo é meu, quero tudo, não sei o que', sabe? Ficava aquela aquela tensão", declarou.

Nessa época, relembra Tadeu, houve uma briga entre Chorão e o também produtor Rick Bonadio, que estava atuando como empresário da banda. "Eles tiveram uma briga muito feia, porque o Rick era muito centralizador e quando a coisa não está do jeito que ele gosta, já faz cara feia. Chorão começou a desafiá-lo e eles brigaram. Era uma discussão musical e também pessoal", afirmou.


Pesquisa, Redação e Edição: Carlos Martins

Por Igor Miranda

Fonte: Revista Whiplash

Foto: Reprodução