O grindadráp, uma verdadeira carnificina que vitimou 1.400 baleias nas Ilhas Faroé no último domingo (12), é perfeitamente legal para a Justiça local. O argumento para a legalização é de que a matança faz parte da cultura da população e que a caça dos animais se dá para alimentação dos habitantes.

Anualmente, as imagens de um mar de sangue e diversos cadáveres de golfinhos rodam o mundo e choca mesmo quem já tem algum conhecimento sobre a tradição. A caçada tem o nome de “grindadráp”, tem como alvo as baleias-piloto e é carregada pelos locais desde o século XVI.

Algum exagero

Apesar de os legisladores afirmarem que a caça deve ser realizada por servir para alimentação dos moradores das ilhas, algumas pessoas admitem que a caça foi excessiva. Dos cerca de 53 mil habitantes das Ilhas, apenas em torno de 9.000 consome carne de baleias.

Por conta desse certo exagero, o governo das Ilhas Faroé criou algumas regulamentações para a realização do grindadráp. Entre as regras, está a exigência de que os interessados em participar da caçada tenham uma licença atestando que sabem abater os animais sem que eles sofram muito.

Contudo, segundo a CNN Internacional, alguns ativistas ambientais disseram que uma boa parte dos caçadores que participaram da caçada deste ano não tinham a licença. Na verdade, alguns supervisores da atividade garantem que apenas uma pequena parcela dos caçadores possuía a licença.

De acordo com Heri Petersen, que supervisionou o grindadráp deste ano, a presença de caçadores não licenciados é o que leva às imagens chocantes de muitas baleias morrendo sufocadas à beira da praia, o que é um claro desrespeito às regras estabelecidas pelos legisladores locais.

Defesa do governo

A alegação da presença de caçadores não credenciados foi negada por administradores locais que são responsáveis por garantir uma quantidade menor de animais caçados. Segundo o governo das Ilhas, não houve nenhuma violação das leis ou das normas faronesas.

De acordo com Páll Nolsøe, porta-voz do governo das Ilhas Faroé, participar de um curso de caça de baleias-piloto é uma prerrogativa para participar do grindadráp. De acordo com as autoridades, são caçados cerca de 250 animais capturados ao ano.

Porém, esses dados flutuam bastante e podem estar bastante subestimados. Este ano, por exemplo, o número de animais mortos durante a caçada foi quase seis vezes maior do que o divulgado oficialmente pelo governo do território.


Pesquisa, Redação e Edição: Carlos Martins

Por Kaique Lima

Fonte: Portal Olhar Digital

Foto: Reprodução