Veio os anos 2000 e a trilha sonora emo ganhou espaço no comportamento de uma outra juventude. O tema era evidência. Até o Fantástico, com direito a Pedro Bial surpreso, fez reportagem apresentando aquela nova “tribo urbana”.
“O som emo é pesado, rápido, quase punk”, define Bial. “Mas, as letras...”. O tom perplexo referencia o fato destas músicas assumirem temas românticos e sentimentais. Isso seria incomum ao dito "rock pauleira". Em Fortaleza, a preocupação dos emos da Praça Portugal era outra.
Existia muita cara feia contra a turma que frequentava o território cravado na Aldeota. “Esses encontros acabaram justamente por causa de ameaças de haters, e acredito que eles faziam por puro preconceito”, relembra Rooh Beviláqua (26).
A streamer conta que sua história com a Praça Portugal começou em 2009, por volta dos 14 anos. A afinidade começou com os amigos do bairro Jóquei Clube. “Gostavam de ir para bater papo e encontrar pessoas do mesmo estilo. Então todos os sábados nos encontrávamos por lá”, descreve.
Alguns elementos identificavam os fãs do gênero. As mais comuns eram as franjas e piercings, bem como os jeans colados, cintos de rebite e munhequeiras. Adicione esmalte preto e lápis de olho. Nos fones o som de My Chemical Romance, Fall Out Boy, Paramore, Fresno, NX Zero, CPM 22 e por aí vai.
TURMA DA PAZ
Rooh descreve o cotidiano dos encontros naquele ponto da capital. A ideia era ouvir músicas. Conversar acerca das bandas do estilo e de filmes em geral. Em 2005, a reportagem “Praça Portugal é ponto de encontro de jovens no sábado” registrou uma destas tardes.
"A importância de tudo isso foi a vivência, só se vive uma vez e a minha experiência lá foi ótima, não trocaria por nada, me ajudou a moldar a pessoa que sou hoje: uma pessoa com histórias para contar, com mente aberta para o novo. Tenho ótimas lembranças com meus amigos de lá. Dividimos e relembramos até hoje
Na percepção de Lenildo Gomes, fica a reflexão de quem saiu da Praça Portugal e quem fica nela. "Agora, com a retomada da programação, qual será a nossa relação com a cidade. Como vamos reocupar. É um reaprendizado. Não temos com avaliar se os espaços serão os mesmos. Devemos repensar esse fluxo de ocupação, pois no pós-pandemia, esperamos que sim, talvez os espaços não sejam os mesmos, nem as pessoas”, finaliza.
Pesquisa, Redação e Edição: Carlos Martins
Por Antonio Laudenir
Fonte: Portal Diário do Nordeste
Foto: Reprodução/Neysla Rocha em 09/02/2005