Uma das histórias mais polêmicas que envolve a Legião Urbana é o motivo pelo qual a banda tomou a decisão de expulsar o baixista Renato Rocha. O músico ajudou a compor clássicos como "Daniel na Cova dos Leões" e "Quase Sem Querer", mas surpreendentemente foi convidado a se retirar do grupo devido a uma série de fatores.
Em um vídeo publicado em seu canal, Júlio Ettore procurou reunir informações sobre a história para compreender os vários motivos que levaram a Legião Urbana a demitir Renato Rocha em 1989. "Ele está no centro de uma das maiores polêmicas da história da Legião Urbana. Por que o Renato Rocha saiu da banda? Ele foi injustiçado?", se pergunta.
No vídeo, Ettore traz um trecho de uma entrevista realizada no ano de 2000 em que Renato Rocha conta como entrou na Legião. "Foi o Dado Villa-Lobos quem me convidou. Estávamos em uma festa, aí depois fizeram um teste comigo. Eles falaram que queriam que eu tocasse na banda. Eu falei que topava fazer alguma coisa, mas eu queria fazer o arranjo que eu quisesse", explicou.
Em outro trecho, o youtuber transcreve um trecho do livro "Discobiografia Legionária", de Chris Fuscaldo, em que detalhes sobre as divergências entre Renato Rocha e os outros integrantes são revelados.
"Há vários relatos não só de membros da banda de que havia problemas de comportamento e divergências entre o Renato Rocha e os outros integrantes. Renato Russo já estava pegando no pé do Negrete, porque ele tocava baixo também e queria que o cara tocasse do jeito que ele gostava. Ele acabava se recolhendo muito".
Outro livro que aparece no vídeo é "Renato Russo – O Trovador Solitário", de Arthur Dapieve. Nele, o autor explica que seu "desalinhamento artístico" também foi motivador da demissão.
"O Renato Russo cobrava que ele se envolvesse mais no processo de composição e arranjo, mas o Negrete era visceralmente punk, pegava a corda Mi e ia embora. Sempre curtia músicas mais pesadas. Durante o disco ‘As Quatro Estações’, seu desalinhamento artístico com a banda chegou a um beco sem saída. O Negrete morava em um sítio em Mendes, no estado do Rio de Janeiro, e ou chegava atrasado ou faltava às gravações. Ele pressionava por uma turnê em Portugal, exigia adiantamentos para comprar novos carros e motos. Chegou a ter oito delas. O desgaste chegou a um ponto insuportável. ‘Você tá fora’, comunicou Renato na porta do elevador da EMI".
Por fim, na autobiografia de Dado Villa-Lobos, chamada "Memórias de um Legionário", o guitarrista diz que outro motivo foi que Renato Rocha se mudou para uma cidade distante do Rio e isso dificultava os ensaios.
"Por conta dessa distância entre Mendes e o Rio de Janeiro, ele começou a não aparecer mais. Ele não aparecia nesse processo primordial que era o de compor as músicas. E ainda vinha com um papo de que levaria as fitas com os esboços das canções para criar as linhas de baixo na sua casa, o que era uma desculpa para não frequentar o estúdio. Nós estávamos ali todo dia e precisávamos da contribuição dele. Essa cena aconteceu várias vezes".
Pesquisa, Redação e Edição: Carlos Martins
Por Gustavo Maiato
Fonte: Portal | Revista Whiplash
Foto: Reprodução