Abandono escolar impõe estratégias dos municípios para identificar motivos, buscar estudantes e garantir sua permanência após a rematrícula.

Matricular-se na escola não é garantia que o desenvolvimento de competências e habilidades será atingido: em muitos casos, o percurso pode ser interrompido por diversos fatores. Prova disso é que, no interior do Ceará, mais de 11 mil crianças e adolescentes abandonaram as unidades de ensino, de acordo com levantamento do Unicef.

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) compilou dados de 183 municípios cearenses, excluindo a capital Fortaleza, que não participa do Selo Unicef. 

Ao todo, em 2019, foram identificados 15.102 estudantes das redes municipais e estaduais. Destes, até o último dia 29 de junho, 3.705 haviam retornado às escolas, conforme a plataforma Busca Ativa Escolar, do Selo. 

O cruzamento de informações se dá a partir do Censo Escolar, na categoria de meninos e meninas “não localizados”, ou seja, que estavam matriculados no ano anterior e no Censo atualizado não são encontrados.

Conforme o Unicef, a análise permite identificar os casos mais críticos e que necessitam de ações específicas para garantir o retorno. No panorama cearense, alunos do Ensino Médio e dos Anos Finais do Ensino Fundamental são os mais impactados pela ausência na escola.

APLICAÇÃO DE RECURSOS

A presidente da APDMCE, Sônia Fortaleza, considera que os municípios precisam dispor de recursos humanos e físicos para promover a busca ativa escolar. Como exemplo, carros para as equipes se deslocarem até localidades “muitas vezes de difícil acesso”.

Além disso, defende a integração de secretarias da educação, assistência social e infraestrutura formando uma rede de apoio para estudantes e família - que em alguns casos pode enfrentar problemas não percebidos apenas pelo trabalho dos educadores.

“Uma das vertentes do Selo é o combate ao trabalho infantil. Precisamos conscientizar a família de que a infância foi feita para se brincar, para poder se desenvolver. Devemos tentar deixar esse ambiente escolar o mais atrativo possível para que a gente possa atender às nossas crianças e devolver os que elas necessitam”, finaliza.


Pesquisa, Redação e Edição: Carlos Martins

Por Nícolas Paulino

Fonte: Portal | Diário do Nordeste

Foto: Reprodução/Fabiane de Paula