Renda da população cearense teve queda significativa, aumentando a desigualdade entre mais ricos e mais pobres na Região Metropolitana da Capital.

A cada esquina onde alguém ergue um cartaz anunciando a própria fome, o avanço da pobreza se concretiza. Os números também atestam: mais de 1,5 milhão de pessoas estão pobres ou extremamente pobres na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), o pior cenário dos últimos 10 anos.

Os dados são do Boletim Desigualdade nas Metrópoles, elaborado pelo Observatório das Metrópoles a partir de números da PNAD Contínua anual, do IBGE, sobre a renda domiciliar per capita total.

Para traçar as linhas de pobreza e extrema pobreza das famílias, o estudo considerou os valores delimitados pelo Banco Mundial: 

Em Fortaleza, para se ter ideia, a cesta básica atingiu o valor de R$ 641, em julho, o que compra apenas os 12 produtos essenciais à alimentação mensal: arroz, feijão, carne, leite, manteiga, pão, café, açúcar, farinha, óleo, banana e tomate.

Mais de um terço de quem vive na Grande Fortaleza, então, sequer consegue arcar com a comida, já que 37,6% da população amarga algum nível de pobreza – 5,8% dela vivendo no nível mais extremo, conforme o boletim do Observatório das Metrópoles.

FOME É EFEITO IMEDIATO

O avanço da pobreza reflete a diminuição drástica da renda dos cearenses. A renda média familiar em Fortaleza e na Região Metropolitana chegou a R$ 1.234, em 2021, valor menor do que 10 anos atrás. Em 2012, a média era R$ 1.263.

DESEMPREGO É CARRO-CHEFE DA POBREZA

No estudo do Observatório das Metrópoles, todos os indicadores de renda e desigualdade social na Região Metropolitana de Fortaleza pioraram, nos últimos anos. Alguns deles, como renda dos mais pobres, atingiram o pior resultado da década.

O QUE FAZER PARA REDUZIR A POBREZA

Para o pesquisador Marcelo Ribeiro, “uma política eficaz de transferência de renda teria o efeito de tentar reverter essa situação”. Além de garantir algum recurso financeiro às famílias, essa medida deveria impor “condicionalidades para reinserção das pessoas no mercado de trabalho de forma qualificada”.

Além disso, pontua Marcelo, “é preciso, nesse processo, ir criando mecanismos pra que as pessoas tenham condições de sair dessa situação de pobreza”. 

Ele destaca três providências urgentes: inserção dos adultos no mercado de trabalho, políticas de formação e qualificação profissional, e manter crianças e adolescentes na escola. 


Pesquisa, Redação e Edição: Carlos Martins

Por Theyse Viana

Fonte: Portal | Diário do Nordeste

Foto: Reprodução/Fabiane de Paula