Faz parte da cultura de alguns países valorizar a experiência dos mais velhos. E, quando o assunto é blues e rock, poucos seres humanos vivos possuem mais experiência que o guitar hero britânico Eric Clapton.
Conforme publicado pela Music Radar, em 1994, ele deu uma entrevista para a revista britânica Guitarrist. Ao ser perguntado se tinha algum conselho para os jovens músicos, ele respondeu:
"Ouçam o passado. Eu encontrei muitos músicos nos últimos 10 ou 15 anos que nem sabiam de onde a coisa vinha. Eles pensavam que vinha de Jimmy Page, ou Jeff Beck, ou Buddy Guy ou B.B. King. Aquilo veio de muito antes, se você voltar em Robert Johnson, Blind Blake, Blind Boy Fuller, Blind Willie Johnson, Blind Willie McTell… tem milhares deles, e todos tiveram algo a ver com o que temos hoje."
"A beleza da coisa é que você pode pegar uma daquelas coisas e fazer dela sua, mas aprendendo com os músicos que vieram depois, você já não tem tanta oportunidade de fazer algo original. Eu ouvia King Oliver, Louis Armstrong, Jelly Roll Morton, Thelonious Monk, Charles Mingus, John Coltrane, Archie Shepp… Eu ouvia qualquer coisa que viesse daquele lugar que eles chamavam de blues. Mesmo que, na teoria, não fosse blues."
Eric Clapton
Um dos maiores pioneiros do blues na Inglaterra, Eric Clapton foi um dos maiores difusores do gênero fora dos Estados Unidos. Mais que isso, contribuiu para a difusão da própria guitarra elétrica enquanto instrumento.
Após iniciar sua carreira pelos clubes de Londres, conquistou notoriedade em passagens pelo Yardbirds e The Bluesbreakers. Ao formar o Cream ao lado de Ginger Baker e Jack Bruce, se tornou um astro, chegando a ser chamado de Deus. Antes de se lançar como artista solo, tocou ainda no Blind Faith e Derek & The Dominoes.
Em meados dos anos 70, após Bob Marley fazer sucesso fora da Jamaica, o Slow Hand deixou o blues de lado para ter um caso com o reggae. Entretanto, anos de abuso químico e alcoolismo cobraram seu preço e começaram a afetar suas apresentações. Durante um período, não era raro ver o guitarrista no palco completamente embriagado e sem condições de tocar. Foi apenas em 1987, um ano após o nascimento de seu filho Conor, que ele conseguiu se livrar das drogas e bebida em definitivo.
Em 1991, passou por sua maior tragédia pessoal ao viver o maior pesadelo de todo pai — aos 4 anos de idade Conor morreu em queda da janela do 53º andar. Devastado, no ano seguinte Clapton retornou mais melancólico que nunca com seu fenomenalmente bem-sucedido álbum acústico e o hit "Tears in Heaven". Em 2000, ele fez uma parceria com B. B. King em "Riding with the King"; em 2005 reuniu o Cream para tocar no mesmo lugar onde ele, Ginger Baker e Jack Bruce haviam se despedido em 1968.
Na ativa até hoje, Clapton durante a pandemia se envolveu em polêmicas que nada tinham a ver com música, e recentemente tocou no Madison Square Garden com Jimmie Ray Vaughan, irmão do saudoso Stevie Ray Vaughan.
Pesquisa, Redação e Edição: Carlos Martins
Por André Garcia
Fonte: Portal | Revista Whiplash
Foto: Reprodução