O Genesis teve que se reinventar em 1975, quando o vocalista Peter Gabriel anunciou que deixaria a banda. Os músicos remanescentes testaram vários cantores e, supostamente, até consideraram seguir como um projeto instrumental antes de optarem pelo próprio baterista do grupo, Phil Collins, para assumir o microfone principal.
Em entrevista ao canal de YouTube "Sofa King Cool", com transcrição do Ultimate Guitar, o guitarrista Steve Hackett, que integrou o Genesis até 1977, revelou que a banda não estava tão segura da decisão em ter Phil Collins como vocalista principal. Mesmo considerando que o baterista já cantava em algumas músicas ao lado de Peter Gabriel, a tentativa parecia um pouco arriscada.
Inicialmente, Hackett respondeu se o Genesis realmente considerou seguir como um projeto instrumental entre a saída de Peter Gabriel e a consolidação de Phil Collins como vocalista principal. "Não acho que o Genesis tenha realmente considerado isso, de forma séria. Poderia se adequar a Phil Collins na época porque ele se via mais como um baterista de jazz rock do que como um vocalista. Isso mudou rapidamente, pois o Genesis era feito de compositores, então, pensávamos no que o cantor faria", disse.
Em seguida, o guitarrista citou que o baterista era "o cara certo" para assumir os vocais, mas os outros colegas não concordaram. "Eu o recomendei para esse trabalho, embora Tony (Banks, tecladista) e Mike (Rutherford, baixista) tenham resistido de primeira", afirmou.
A ideia de dar o microfone principal para Phil Collins, curiosamente, veio de um colega de outra banda: Jon Anderson, vocalista do Yes. "Lembro que fui ao primeiro casamento de Phil e Jon Anderson do Yes estava lá. Eu o conheci ali pela primeira vez. Ele falou: 'Phil tem uma grande voz, por que vocês não o deixam ser o vocalista principal e contratam um instrumentista para preencher ao vivo?'", revelou.
Foi exatamente isso que o Genesis acabou fazendo. "Porém, cruzamos várias pontes antes disso, pois houve resistência. No fundo, a ideia de um baterista que canta não parecia tão boa para os shows. Porém, ele superou isso de uma maneira incrível. E se você tem uma grande voz, o que importa se você está cantando atrás de um kit de bateria ou não?", comentou Hackett.
O guitarrista mencionou, ainda, outros grandes bateristas que também são bons vocalistas. "Nick D'Virgilio é bom nas duas funções e também trabalhou com o Genesis e comigo em carreira solo. Também há Phil Earhart do Kansas, com bateria e vários outros instrumentos, e Craig Blundell, que está nessas séries de TV 'The Art of Drumming'", concluiu.
Genesis acabaria sem Peter Gabriel?
Em outro momento da entrevista, Steve Hackett revelou que o Genesis poderia fracassar após a saída de Peter Gabriel. Na época, os remanescentes achavam que o vocalista era importante demais para a dinâmica da banda.
"Ninguém sabia se a banda teria futuro ou não porque Peter Gabriel era a estrela do show, como um grande músico, um grande cantor e um grande frontman. Eram tempos incertos, mas os superamos", afirmou.
Apesar disso, o guitarrista entende que seria melhor ter seguido com Gabriel. "Acho que poderíamos ter seguido como quinteto e enterrado nossas diferenças, seria mais fácil e daria um futuro diferente. Gradualmente, ficou cada vez mais difícil tocar com o Genesis", disse.
Tudo isso colaborou para que Hackett deixasse a formação, dois anos após o vocalista. "Gosto de fazer música desafiadora, incluindo world music, jazz, clássico, blues e tudo. O Genesis poderia ter tido o mesmo futuro dos Beatles, ficando mais esquisitão, com orquestras, mas houve resistência e eu vi que só poderia conquistar isso tendo autonomia completa", declarou.
Pesquisa, Redação e Edição: Carlos Martins
Por Igor Miranda
Fonte: Portal | Revista Whiplash
Foto: Reprodução