Edite teve pressa para chegar ao mundo. Não esperou nem a mãe voltar do trabalho na roça para nascer. Agricultora que era, Dona Salvelina começou a sentir os sinais da novidade enquanto apanhava fava. Sozinha, ela deitou no chão de terra amarelinha da cidade de Bom Conselho, no agreste pernambucano, onde foi fortaleza até a criança, que mais tarde viria a se tornar mestra da cultura no Ceará, aparecer.

O primeiro a encontrar mãe e rebento foi o pai, José, que chegou logo após o parto e, surpreso com a situação, correu para pedir ajuda à sogra Vicença. No bolso, a avó de Edite carregava um chifre de bode cheio de algodão, além de uma faquinha amolada com a qual cortou o umbigo da bebê. "Eu tive foi sorte que não morri", diz a neta sobre aquele 6 de agosto de 1940.

Concluída a pequena cirurgia ao pé da serra, dona Vicença pegou a barra da saia para fazer um balaio e, com os retalhos de sua roupa e da filha Salvelina, envolveu a recém-nascida para finalmente levá-la. As expectativas para a criança "vingar" não eram muitas.

Pesquisa, Redação e Edição: Carlos Martins

Fonte:  Roberta Souza/DN

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