Para muitos, o The Final Cut é um álbum amaldiçoado, pois trata-se da obra que marca a dissolução de uma das maiores parcerias artísticas da história do rock: entre o baixista Roger Waters e o guitarrista do David Gilmour. Parceria esta que durou aproximadamente 15 anos, durante a "era de ouro" do Pink Floyd, e rendeu alguns milhões de discos vendidos.
Para falarmos do The Final Cut, primeiramente, temos de entender que o processo de criação no Pink Floyd vinha passando por mudanças substanciais ao longo dos últimos anos. É nítido aumento da importância do baixista não apenas quanto às letras e ideias tratadas nas músicas, mas como vocalista e líder do grupo, como quando convenceu os demais membros a demitirem o tecladista Richard Wright durante as gravações do álbum anterior, o The Wall.
O The Wall, além do álbum, incluía dois outros projetos grandiosos com o mesmo nome: 1) o show, onde um muro era construído entre o público e a banda, e que, de tão grandioso, deu prejuízo, e; 2) o filme, em que Waters gostaria de estrelar, mas acabou sendo substituído pelo ator Bob Geldof. Ambos os projetos foram coordenados e produzidos quase sozinhos pelo baixista, com pouquíssima participação dos demais membros do Pink Floyd, o que fez com que sua figura como líder crescesse ainda mais.
Mas o fator de maior influência para os rumos que o Pink Floyd tomaria pós-The Wall aconteceria bem longe da Inglaterra. Ou melhor, aqui do ladinho da América do Sul. Falo da Guerra das Malvinas, conflito entre Reino Unido e Argentina, que mexeu com os nervos de Roger Waters, cada vez mais engajado politicamente, e fez com que os temas tratados no The Wall fossem "expandidos".
Temas como a perda do pai e a guerra já haviam sido abordado no The Wall, e o restante da banda não queria trabalhar com isso uma outra vez. Além disso, David Gilmour não concordava com as críticas abertas à primeira-ministra, Margaret Thatcher, nas letras que Waters utilizaria nas canções do novo disco. Situação que, de tão tensa, fez com que os músicos passassem a frequentar o estúdio para gravar em períodos separados.
Pesquisa, Redação e Edição: Carlos Martins
Por Yuri Apolônio
Fonte: Whiplash
Foto: Reprodução