Entre um atendimento e outro, uma pausa para brincadeira. Uma planta pra regar. Uma página para colorir. Essa tem sido a rotina de Tayse Cristina Morais, 30, há quase 11 meses. Ela trabalha como manicure no bairro Parque Santa Maria, onde mora, e viu sua casa se transformar em local de trabalho depois que o filho Artur, de apenas 5 anos, deixou de ter aulas na creche da rede municipal de Fortaleza onde estava matriculado. Sem ter quem cuidasse dele durante as manhãs, Tayse – assim como tantas outras mães – teve que adaptar a rotina para equilibrar trabalho e cuidados com o filho em tempo integral.
“Foi um ano difícil porque ele ficou muito ansioso. Ficava sem fazer nada, tinha que ficar dentro de casa. E eu tive que me virar. Era trabalhando e inventando alguma coisa pra ele fazer, um caderno pra pintar, um filme pra assistir”, relata. No período em que recebeu o auxílio emergencial, ela lembra que as coisas “melhoraram um pouquinho”. Foi quando ela pôde pagar por aulas de reforço em domicílio para Artur, para que ele não ficasse totalmente afastado dos estudos. As aulas foram possíveis por três meses.
Na análise da professora Celecina Veras Sales, coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisa sobre Gênero, Idade e Família (NEGIF) da Universidade Federal do Ceará (UFC), a realidade dessas mães é uma das tantas que se agravaram em razão da pandemia. Ela descreve que, antes da crise sanitária, o Ceará já contava com um grande número de mulheres que são chefes de família e, segundo Sales, famílias nesse perfil são as mais pobres de recursos.
Pesquisa, Redação e Edição: Carlos Martins
Por Barbara Câmara
Fonte: Diário do Nordeste
Foto: Helene Santos