O ano de 2020 registrou recorde negativo na execução do Programa Cisternas, no semiárido nordestino. Desde a implantação, em 2003, pelo Governo Federal, foi o ano que menos construiu unidades, ainda referentes a contratos anteriores, e não liberou recurso orçamentário para o Ceará e outros Estados da região.
Entre 2015 e 2020, a queda é de 94,5% em relação a 2014, ano no qual mais se adotou essa tecnologia de combate à seca (149 mil unidades). Nesse período de pandemia, o programa está praticamente paralisado.
Para 2021, o cenário permanece preocupante porque não há diálogo entre o Ministério da Cidadania, executor do programa, e as entidades não governamentais (ONG) e prefeituras. "É difícil de entender o que está acontecendo porque água é um bem necessário à vida e neste período de pandemia a demanda aumentou", lamenta o coordenador do Instituto Elo Amigo, em Iguatu, Marcos Jacinto.
Saúde
Para o médico sanitarista e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Ceará, Odorico Andrade, a água de boa qualidade oriunda da chuva e acumulada nas cisternas "reduz doenças de veiculação hídrica, protege crianças e idosos e é uma necessidade diária". Ele frisa que o programa atende "as famílias mais vulneráveis que moram em áreas isoladas do sertão e é considerada uma das maiores ações, reconhecidas pela Organização das Nações Unidas, com ótimos resultados", afirma. O Sistema Verdes Mares entrou em contato como Ministério da Cidadania, mas até o momento da publicação desta reportagem nenhum esclarecimento havia sido encaminhado.
Obs: Sem cisterna, dona Priscila da Silva, 79 anos, retira água de um poço na casa da irmã, no Crato.
Pesquisa, Redação e Edição: Carlos Martins
Por Honório Barbosa
Fonte: Diário do Nordeste
Foto: Honório Barbosa