Devido à resistência dos filhos em dormir sozinhos, alguns pais acabam permitindo que durmam em sua cama, tornando as noites exaustivas. É natural essa resistência dos pequenos, todos nós temos uma tendência inata a querermos dormir acompanhados.
Permitir que nossos filhos durmam conosco pode ser uma forma de oferecer conforto e segurança, especialmente em momentos de ansiedade ou transições difíceis. Porém, devemos incentivar gradualmente a independência e autonomia emocional, conforme a criança cresce e se desenvolve.
O caminho é evitar a superproteção, não deixando de atender as necessidades dos nossos filhos. Devemos encontrar um equilíbrio entre a dependência e a independência emocional. Ao invés de apenas sempre acolher, os colocando para dormir conosco, temos que ajudá-los a enfrentar seus medos, desenvolvendo a auto confiança dos pequenos.
É importante ressaltar que quanto mais cedo for o estímulo para que a criança entenda que tem o lugarzinho dela de dormir, mais fácil será a adaptação.
Sete dicas importantes:
1- Observem e preparem o ambiente em que a criança dorme – O quarto está frio demais, quente demais? Veja se a cama está confortável. E fique atento em relação as necessidades fisiológicas da criança, a indicação é que ela se alimente de algo leve e de fácil digestão.
2- Crie uma rotina para a hora de dormir- para ajudar a criança a antecipar e se preparar para o momento de dormir. Tomar banho relaxante, colocar o pijama, escovar os dentes, contar uma história, cantar, rezar (dependendo da crença de cada família), dar beijinho de boa noite. É importante fazer atividades mais calmas e evitar os eletrônicos pelo menos 1 hora antes.
3- Oferecer objetos transicionais e de conforto – ursinho de pelúcia, foto do papai e da mamãe, deixar uma luz branda acesa, cheirinho do papai e da mamãe no travesseiro, um lençol ou paninho mágico, apanhador de sonhos, todos esses objetos ajudam os filhos a lidar com a ausência dos pais e enfrentar os medos sozinhos no quarto.
4- Diminua a presença de forma gradativa– Os pais podem começar colocando os filhos para dormir, ficando apenas ao lado da cama, depois ficar um pouco mais próximo da porta até sair do quarto totalmente. É recomendável combinar com a criança, nada de sair do quarto escondido, pois se elas acordam e não estão preparadas, podem sentir-se ainda mais inseguras.
5- Seja compreensivo e o ajude a enfrentar seus medos. Aqui toda criatividade é bem-vinda. Ajude a criança a tirar os monstros debaixo da cama. Borrife um spray que espanta monstros do quarto. Reze junto com ela para afastar todos os fantasmas. Conte histórias de coragem, faça encenações com seus bonequinhos, desenhos junto com seu filho, tudo onde no final o incentive a vencer os monstros e combater os medos. Dê ferramentas para ele elaborar e superar suas inseguranças.
6- Estimular a autonomia da criança durante o dia –Ajudar nas atividades diárias, como arrumar o quarto, se vestir e comer sozinho, brincar sem a presença dos adultos, são atividades que previnem a dependência dos adultos e fortalece a autonomia e consequentemente a tolerância a ficar sozinho também ao dormir.
7- Criar outros momentos de vínculo entre a família – pela correria do dia a dia pode acontecer de as crianças entenderem que a hora de dormir é o único momento de união com os pais. Então é importante criar outros momentos que fortaleçam esse vínculo. Ficar uma meia horinha na sala todos juntos por exemplo, pode ajudar a desassociar o prazer de estar juntos exclusivamente a hora de dormir.
Por fim, uma vez que foi decidida a transição, é imprescindível que os pais confiem no processo para que transmitam para os filhos a mensagem de que são capazes. É importante que tenham constância, paciência e persistência.
Procurem não ceder por um motivo ou outro, seja por pesadelos ou necessidade de ir ao banheiro. Se os pais acabam cedendo, deixando seu filho dormir em sua cama, estão comunicando que em algumas circunstâncias eles poderão dormir com eles, o que tornará mais difícil o processo. A inconstância dos pais é o que pode atrapalhar nesse estabelecimento de limites.
É importante também analisar se existe algum outro fator de estresse ou de ordem neurológica que seja significativo e esteja impactando em um sono tranquilo da criança. Caso a família desconfie de outros motivos, é importante uma avaliação mais detalhada e individualizada.
Se todos dormem bem, todos funcionam melhor durante o dia, trazendo uma melhor qualidade de vida para a família.
Pesquisa, Redação e Edição: Carlos Martins
Por Ana Grasieli Lustosa
*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião da autora.
Fonte: Portal | Diário do Nordeste
Foto: Reprodução