O Ira! é uma das grandes bandas de rock nacional dos anos 1980, mas nunca obteve enorme sucesso igual outras da mesma época. Em entrevista em seu canal, João Gordo questionou o guitarrista Edgard Scandurra o motivo pelo qual seu grupo nunca foi tão popular quando o Capital Inicial.

Em sua resposta, Scandurra explicou que a banda era mais dedicada ao pós-punk e a tentar quebrar barreiras e acabou não explorando sonoridades que poderiam trazer mais popularidade, como foi o caso da música "Flores em Você".

"No início da banda, éramos muito dedicados a esse ambiente do punk. Valorizávamos imensamente as apresentações, especialmente em locais como a Napalm, onde o pós-punk reinava. Era uma espécie de reação contra a cultura predominante, um espaço no qual nos inseríamos. O Ira! ocupava uma posição intermediária, não exatamente mainstream, mas também já não tão underground, já que tínhamos conquistado um público considerável. No entanto, acredito que essa dualidade sempre orientou o Ira! para uma trajetória mais alternativa.

Um exemplo é a música ‘Flores em Você’, que obteve sucesso. Poderíamos ter explorado ainda mais sua sonoridade. Em um momento seguinte, entretanto, optamos por um álbum experimental, buscando quebrar barreiras. Naquela época, havia recursos financeiros, as gravadoras investiam.

Lembro-me de passar dois meses no Rio de Janeiro, gravando no estúdio sensacional do Liminha, com equipamentos excelentes e uma equipe técnica espetacular. Amplificadores incríveis, tudo estava à disposição. É uma realidade que não existe mais, há muitos anos já".

Curiosidades sobre o Ira!

Em entrevista ao Inteligência Ltda., o vocalista Nasi explicou de onde surgiu o nome "Ira!" e disse que nada tem a ver com o movimento nacionalista irlandês de mesmo nome.

"Outubro de 1981 foi o primeiro show do Ira!. Nós éramos uma banda punk, então o nome veio daí: ira, cólera, raiva e indigestão. É tudo por aí, né? No primeiro cartaz do Ira!, usamos uma imagem que poderia dar a entender essa confusão com o Exército. Essa primeira fase foi muito particular. Pós-punk, sombria e dissonante, mas que nunca chegou a gravar um disco. Teve só um compacto. Ficou perdido no tempo. Graças a Deus a Nada Nada Records está resgatando essas coisas antiga", disse.


Pesquisa, Redação e Edição: Carlos Martins

Por Gustavo Maiato

Fonte: Portal | Revista Whiplash

Foto: Reprodução