Números são comparados com 2022 e pesquisadora de direitos humanos afirma que eles traduzem o cenário 'nós não estamos oferecendo o que é eficaz'; agosto é o mês do combate à violência contra a mulher.

O número de casos de feminicídio aumentaram 34% no primeiro semestre de 2023 no estado de São Paulo, na comparação com o mesmo período do ano anterior, segundo dados da Secretaria de Segurança do Estado (SSP).

Entre janeiro e junho deste ano, foram registrados 111 casos de assassinatos de mulheres em todo o estado. Em 2022, foram 83.

Os dados também mostram que foram registrados 28.117 casos de lesão corporal dolosa contra mulheres, 14% a mais do que o mesmo período em 2022.

Os casos de ameaças contra mulheres também cresceram: 48.728 registros, contra 29.313 em 2022, ou seja, uma alta foi de 66%.

Já os registros de medidas protetivas cresceram 17 % no primeiro semestre deste ano em comparação ao mesmo período do ano passado.

“Os números são muito significativos, eles estão clara e abertamente dizendo para todas as instituições: vocês não fizeram a lição de casa. O que nós estamos oferecendo para a mulher vítima ainda é nada diante do cenário. Nós não estamos oferecendo o que é eficaz”, disse Artenira Silva, pesquisadora de Direitos Humanos.

Artenira aponta lacunas durante o processo pelo qual uma mulher vítima de agressão passa. “A principal medida protetiva não deveria ser o afastamento do agressor da vítima. A falta de percepção, de qualificação, para avaliar o caso daquela vítima faz com que, na maioria das vezes, se defira uma medida protetiva que está no rol da lei e não que você imagine que medida serviria melhor para aquela mulher naquele caso”, afirmou.

Não se Cale

No início de agosto, foi regulamentado o protocolo "Não se Cale" e lançada a campanha "São Paulo por Todas" para reforçar as estratégias de proteção das mulheres em estabelecimentos privados e públicos, como bares, restaurantes e hotéis, entre outros.

O objetivo é padronizar as formas de acolhimento às mulheres diante de qualquer pedido de socorro ou suspeita de caso de assédio, violência ou importunação sexual e suporte do poder público.

A SP Mulher fechou ainda acordo com a Universidade Virtual do Estado de São Paulo para capacitar os profissionais que trabalham no setor. O governo do estado prorrogou para a próxima segunda-feira (28) o prazo de inscrição para um curso de combate à violência contra a mulher.

A capacitação é obrigatória e gratuita para funcionários de bares, restaurantes, hotéis e qualquer estabelecimento do setor de lazer do estado. Segundo o governo, o setor emprega 1,5 milhão de pessoas, que devem passar pelo treinamento.

O protocolo "Não se Cale" quer padronizar o atendimento às mulheres vítimas de assédio e qualquer outro tipo de violência dentro desses estabelecimentos. A certificação é obrigatória para conseguir o selo "Amigo da Mulher", e a legislação prevê multa para quem não fizer o curso.


Pesquisa, Redação e Edição: Carlos Martins

Por SP2 — São Paulo

Fonte: Portal | G1 São Paulo

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