A cearense Suyane Lima está morando em Jerusalém desde o início de setembro. Ela estava em uma cidade considerada mais segura e não tem previsão de quando volta à capital israelense por medo de ataques.

A jornalista cearense Suyane Lima, que está estudando em Israel desde setembro, relata dificuldades para voltar à casa onde mora em Jerusalém. Ela estava em um local mais afastado para participar de festividades religiosas e conta que as amigas que ficaram na capital israelense estão abrigadas em bunkers para se proteger de ataques.

O grupo extremista islâmico armado Hamas bombardeou Israel neste sábado (7) em um ataque surpresa considerado um dos maiores sofridos pelo país nos últimos anos. Em resposta, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, declarou estado de guerra.

O primeiro-ministro israelense também pediu aos cidadãos que sigam as instruções de segurança. A recomendação é que as pessoas fiquem próximas a prédios e espaços protegidos.

Praticante do judaísmo, Suyane não estava em Jerusalém quando a ofensiva do Hamas começou, por volta das 6h30 do sábado. Ela tinha ido passar o fim de semana em Har Brakha, um assentamento localizado na cordilheira sul do Monte Gerizim, a cerca de 65 quilômetros da capital israelense.

"Basicamente seria uma cidade mais afastada do centro. Então aqui está bem mais leve, digamos assim, do que em outros (locais) porque aqui não é alvo. A cidade onde eu estou fica no meio de várias cidades da Palestina, de várias cidades árabes. Então aqui eles geralmente não atacam, não tem tanto esse perigo quanto em Tel Aviv ou Jerusalém, que é onde eu moro", explicou Suyane.


Ela tinha ido a Har Brakha para celebrar o Shabat, o período de descanso observado da noite da sexta-feira até a noite do sábado. Para os judeus, este fim de semana também é de festividades pelo Simchat Torá, que marca o início de um novo ciclo anual de leitura da Torá (livro sagrado da religião judaica).

A estudante explica que, nesse período, é comum que os religiosos não usem telefones celulares. Durante a manhã, ela estava em uma sinagoga fazendo orações. A comunidade onde ela estava soube dos ataques porque soldados das bases militares de cada assentamento foram avisar nas sinagogas. A notícia alterou o dia que seria de descanso e contemplação.

"Foi estranho porque você viu uma cidade que tava em pleno Shabat, onde você não usa carro, telefone, parecendo um dia normal, porque tava todo mundo ligando para família, tentando informar que tava tudo bem. Tinha muitas famílias desesperadas porque elas têm filhos na Faixa de Gaza", relatou a estudante.

Enquanto se sente segura por estar fora dos locais mais atacados, Suyane não sabe quando poderá voltar para casa em Jerusalém. Ela teme pelas amigas que estão na capital abrigadas em bunkers após ouvirem o toque de sirenes e receberem instruções de segurança. E pelos amigos que também estão em outras cidades sem poder se locomover de volta para a capital.

Até a noite do sábado, não havia ônibus públicos circulando em Har Brakha. Mesmo com o retorno do serviço, Suyane preferiu não voltar a Jerusalém. Os conhecidos dela que estão na capital recomendaram que ela continue afastada. Sem falar hebraico, ela tem buscado informações com outros brasileiros.

A estudante explica que todas as atividades na cidade onde está foram suspensas até segunda ordem. "Não tem como saber (quando retorna para Jerusalém) porque eu não sei como vai ficar, se vai continuar tendo ônibus, se em Jerusalém vão parar os ataques", explica.

"É uma coisa que você trabalha muito o psicológico. Será que vai ficar tudo bem? Será que vai acabar hoje, vai acabar amanhã, semana que vem? O que vai acontecer? A gente não tem como dizer", reflete.


Pesquisa, Redação e Edição: Carlos Martins

Da Redação

Fonte: Portal | G1 Ceará

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