Criada pela reforma eleitoral de 2017, modalidade de arrecadação foi utilizada pela quarta vez em uma eleição

O engajamento de apoiadores passou a ser percebido de outra maneira nas eleições. Desde 2017, quando a Justiça Eleitoral regulamentou a arrecadação por meio de financiamento coletivo — as chamadas “vaquinhas” —, eleitores e eleitoras podem, além de confiar seu voto em candidatos e candidatas, colocar quantias do próprio bolso para reforçar campanhas.

Em Fortaleza, na eleição de 2024, quatro vereadores e vereadoras que vão estar na próxima legislatura recorreram ao modelo para injetarem recursos financeiros em ações que pudessem impulsionar seus nomes nas ruas durante a corrida eleitoral. As informações foram disponibilizadas pelas candidaturas na plataforma DivulgaCand, mantida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). 

Arrecadações

O maior arrecadador foi Gabriel Aguiar (Psol), reeleito para a Câmara Municipal de Fortaleza (CMFor) com 30.682 votos. Através da campanha virtual, o parlamentar conseguiu R$ 20,2 mil. O montante representou 14,32% dos R$ 141,4 mil de receitas que ele teve nessa campanha.

Adriana Gerônimo (Psol) também reconduzida para uma cadeira no Legislativo municipal, com 9.091 votos, foi outra que atingiu uma quantia expressiva por meio do financiamento coletivo, ao arrecadar cerca de R$ 16 mil. O saldo foi 5,56% dos R$ 289,3 mil que a vereadora teve de receita total.


A estreante Mari Lacerda (PT) conseguiu, por meio de vaquinha, R$ 9,5 mil. A vereadora eleita recebeu 8.034 votos. Os recursos arrecadados com os apoiadores ocupam 3,60% do volume total de R$ 265,6 mil que ela teve disponível para a campanha.

O vereador Ronaldo Martins (Republicanos) também seguiu a estratégia. Entretanto, a quantia doada foi diminuta, de R$ 140. O valor recebido é uma fagulha de 0,03% nos R$ 501,8 mil que obteve de receitas.

Recapitulando os valores:

- Adriana Gerônimo (Psol) — R$ 16 mil

- Gabriel Aguiar (Psol) — R$ 20,2 mil

- Mari Lacerda (PT) — R$ 9,5 mil

- Ronaldo Martins (Republicanos) — R$ 140

Regras das vaquinhas

Embora o apanhado do pleito fortalezense mostre haver uma adesão tímida por parte de quem se lançou nas urnas, essa é a quarta vez que a prática é utilizada em uma eleição, já que em 2018, 2020 e 2022 o formato de arrecadação também esteve em operação.

Neste ano, empresas ou entidades cadastradas no TSE para prestar serviço de financiamento coletivo em campanhas puderam arrecadar recursos para seus contratantes desde 15 de maio. O dinheiro pode ser recolhido até o último dia 6, quando ocorreu o primeiro turno.

Quem colocou dinheiro nas campanhas teve que utilizar a internet ou aplicativos eletrônicos. Cada doador teve que se identificar, informando dados como nome completo e CPF. As informações dos doadores — bem como o detalhamento do valor, forma de pagamento e data da operação — foram repassadas para a Justiça Eleitoral.

Somente pessoas físicas puderam doar por meio das “vaquinhas virtuais”. Os doadores, independente do meio de pagamento utilizado (transação bancária, cartão ou Pix), receberam recibos. Dentre outras regras, o limite de doação foi de 10% dos rendimentos brutos recebidos pela pessoa que doou no ano anterior à eleição.


Pesquisa, Redação e Edição: Carlos Martins

Por Bruno Leite 

Fonte: Portal | Diário do Nordeste

Foto/Imagem: Reprodução | Redes Sociais